Palestra 3

Título :

METALURGIA DO PÓ - ESTADO ATUAL DE DESENVOLVIMENTO

Resumo :

A indústria da metalurgia do pó (M/P) tem enfrentado nos últimos anos alguns desafios que a tem tornado mais forte em alguns segmentos, ganhando posição perante processos concorrentes. O principal mercado consumidor é o mercado norte-americano, sendo o nicho de autopeças o principal responsável pelo crescimento em termos de vendas, representando 70% do consumo de peças sinterizadas. Considerando o período de 1991 a 2000, o peso de peças sinterizadas em um automóvel de passeio de tamanho médio, apresentou um crescimento de 10,68kg para 16,36kg, ou seja 65%. Todo esse crescimento reflete um amadurecimento do mercado consumidor, motivado pelo melhor conhecimento da tecnologia e de suas potencialidades, e também pela necessidade de redução de consumo dos recursos naturais. O restante do mercado fica assim distribuído:

  •           peças para equipamentos de recreação, ferramentas manuais e hobby, representando 16%;

  •          eletrodomésticos e peças para motores industriais e controles hidráulicos participando com 3,2% cada um;

  •           peças para computadores e máquinas de escritório e negócios com 2,6%;

  •          o restante fica distribuído entre peças para a indústria médica, armas leves, aeronáutica e outros.

            A necessidade do mercado consumidor tem motivado também os produtores de matéria prima e equipamentos a buscarem melhorias de qualidade e novos produtos para atenderem a demanda. Assim, podemos ter hoje no mercado, por exemplo, pós metálicos que apresentam boa densificação na compactação, que permitem ganho de dureza na sinterização e ainda com boas características de usinabilidade. Podemos também encontrar no mercado, pós ligados com composição química mais uniforme, com tamanhos de partícula e morfologia específicos para cada técnica de fabricação por materiais particulados.

            Novas ligas metálicas, bem como novas tecnologias de fabricação por metalurgia do pó, têm sido desenvolvidas. Engrenagens helicoidais, por exemplo, são possíveis de serem obtidas por compactação e sinterização (M/P). Peças minúsculas de 0,1g com paredes finas, furos transversais e inclusive rosca, sem necessidade de operações de usinagem, podem ser produzidas em escala industrial, graças a tecnologia de moldagem por injeção de pós metálicos e cerâmicos (MIP). Nesse caso específico da MIP, utiliza-se pós finos, com tamanho médio de partícula de 4 a 10 microns para ligas metálicas, e obtém-se densidades da ordem de, no mínimo, 95% da densidade teórica das ligas.

            Os desafios para o novo milênio concentram-se em desenvolver processos e ligas que apresentem no produto final, propriedades mecânicas similares as dos materiais obtidos por processos convencionais de laminação, forja e trefilação.

            No Brasil, podemos dizer de forma generalizada, que a indústria de metalurgia do pó não está organizada em uma associação atuante que permita um delineamento do setor para identificar mercados emergentes, estabelecer normas e divulgação de material para educação do mercado. O mercado consumidor brasileiro ainda é bastante conservador, e prefere adotar técnicas tradicionais de fabricação de componentes mecânicos, o que demonstra que a metalurgia do pó ainda é pouco divulgada e pouco considerada na etapa de projetos de novos produtos. Sendo assim, consideramos o papel das instituições de ensino fundamental na divulgação da tecnologia e de suas potencialidades. O conhecimento acadêmico de metalurgia do pó deve ser aliado à experiência da indústria, mostrando que a quebra de paradigmas, ou seja, a troca de determinados componentes por componentes sinterizados, pode trazer vantagens técnicas e econômicas.
Autor :

Waldyr Ristow Junior

Gerente Técnico. Lupatech S.A - Divisão Steelinject

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