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ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DOS CATÁLOGOS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS E REPERCUSSÕES NA OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

V.F. da Costa(1), A. Dias(2), A. dos S. Alonço(2)

(1) Departamento de Produção Mecânica, EPS, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário/Trindade, Florianópolis SC, cep: 88040-900.
(2) Departamento de Engenharia Mecânica, EMC, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário/Trindade, Florianópolis SC, cep 88040-900.

Palavras chaves: Máquinas Agrícolas, Catálogos, Operação, Manutenção.

RESUMO

A informação sempre foi, e é, a base de desenvolvimento de qualquer sociedade. Com a organização da informação, pode-se instituir programas para atingir objetivos dentro de prazos e de orçamentos que na maioria das vezes têm o retorno garantido.

Neste contexto, insere-se o setor agropecuário que, do ponto de vista tecnológico, vive grandes contradições. Tem-se grande número de pessoas envolvidas nas atividades agropecuárias, com elevado número de acidentes, podendo ser atribuídas à insatisfatória formação técnica e escolar, a pouca quantidade de horas de treinamento ou treinamentos mal orientados, associados a máquinas cada vez mais complexas e, em muitos casos, máquinas inapropriadas ou mal projetadas; manutenções ineficientes, serviços extenuantes e perigosos.

Segundo pesquisas efetivadas por Alonço (1999), de um total de 8.640 casos de acidentes com máquinas agrícolas ocorridos em alguns estados brasileiros, 19,50% foram com tratores, 18,39% com implementos, 8,44% com moto-serras, 4,96% com colhedoras e 8,27% com picadoras de forragem, dentre outros.

Analisando os dados acima, surge o seguinte dilema: Estes são problemas originados somente na operação, ou os projetistas e os organizadores das informações sobre as máquinas têm alguma coisa haver com isto?

Para responder a estas indagações, este trabalho objetiva: verificar as informações contidas nos catálogos de fabricantes de máquinas e implementos agrícolas; gerar uma metodologia de análise; confrontar as informações em relação às recomendações das normas técnicas direcionadas a este assunto; e comentar os problemas que podem ocorrer diante das informações imprecisas para a operação e manutenção das máquinas.

Para atingir estas metas, a seguinte estratégia de ação foi seguida: contato com alguns fabricantes e/ou representantes de máquinas agrícolas comercializadas no país, a fim de solicitar informações técnicas sobre seus produtos; em todas as fases do trabalho, consta revisão de literatura, inclusive normas ISO; a partir de informações geradas, propor as modificações no sistema de informações existentes.

As informações obtidas permitem afirmar que, através da conscientização do proprietário e de treinamento, qualificação e/ou instrução dos operadores, é possível melhorar a qualidade dos serviços executados e minimizar o número de casos de acidentes com máquinas agrícolas, proporcionando maior qualidade de vida e maior confiabilidade nos equipamentos.

Por outro lado, a qualidade da informação sobre máquinas agrícolas apresentada pela indústria ao usuário, produtor, revendedor e outros, em alguns casos, é extremamente deficiente por puro desconhecimento, por questões estratégicas, por falta de centros de ensaios, por falta de regulamentação, dentre outros; gerando inúmeros problemas.

Na Figura 1.b é possível constatar incorreção na especificação da largura de trabalho de uma semeadora-adubadora de fabricação nacional vista na Figura 1.a. Ao invés de constar 7,2m (que seria o correto), o fabricante apresenta em seu catálogo 72m.


Um agricultor desavisado que estivesse buscando uma semeadora-adubadora para compra e, ao olhar este catálogo visualizasse esta máquina como ideal para a sua propriedade, poderia ter todo o seu planejamento estratégico frustrado, pela simples ausência de uma vírgula.

É óbvio que este exemplo foi única e exclusivamente uma falha de revisão por parte do departamento de Marketing desta empresa, porém, este mesmo fragmento de catálogo apresentado nas Figura 1.A e Figura 1.b., ao ser mais profundamente analisado, permite a formulação das seguintes perguntas: Qual seria a potência necessária no motor do trator para tracionar esta máquina? Qual a distância máxima e mínima possível entre linhas de semeadura? Qual é o intervalo ideal de velocidade de trabalho deste equipamento em função de diversos tipos de solo e topografia existentes no Brasil?

Estas e muitas outras perguntas, caso respondidas nos catálogos e manuais das máquinas agrícolas, certamente facilitariam o planejamento das mesmas e qualificariam a agricultura brasileira.

Agradecimentos: À FEESC, Fundação de Ensino de Engenharia de Santa Catarina, pelo suporte financeiro; e à UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina, pela bolsa de pesquisa.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALONÇO, A. dos S. - Noções de segurança e operação de tratores. In: REIS, Â . V. dos; MACHADO, A . L.T.; TILLMANN, C. A . da C.; MORAES, M.L.B de Motores, tratores, combustíveis e lubrificantes. Pelotas: Universitária/UFPEL, 1999. Cap. 4, p. 221 - 230.
ALONÇO, A. dos S. - Mecanização Agrícola. Caderno Didático. Santa Maria/RS: NEMA, DER, CCR, UFSM. 1999. 136 p.